1960
A “coisa viva” tem sempre contato direto com o espaço exterior, tendo ao mesmo tempo a sua “expressividade” interior. Espaço próprio (mímica) movimento.
A máquina só tem esta expressão, ligada intimamente à sua função e por isso mesmo não passa de um objeto mecânico, não tendo nada de transcendente. (tempo interior, portanto)
Somos a máquina transcendente. A função da máquina (nossa máquina) só é mecânica na expressão de um espaço prático que vem sempre carregado de um sentido que ultrapassa o sentido “mecânico-prático”: a vontade, a escolha. Nós temos um ciclo (tempo de vida) para procurar dar sentido ao nosso “vazio interior” até atingirmos o tempo absoluto e aí completando o nosso ciclo usamos a dinâmica de todos os tempos integrados num equilíbrio de expressão.
Van Gogh: Expressou magistralmente o tempo interior de sua expressividade (obra) mas não caminhou com ela, faltando nele o sentido dado a essa expressividade.
A obra o destrói porque é mais forte que ele. É impossível suporta-la nessa autonomia completa. Ele se queimou na sua obra por esta mesma razão. O oposto seria ele ter-se alimentado dela (através dela). Os românticos quase nunca ultrapassam sua própria expressividade interior.