1955
Plenitude:
Se recolher cheia e só é o termo.
Fato:
Queriam meu pai e minha mãe um filho
Nasci eu
Não aceitaram a realidade do fato
Nem eu
Qual galho nascido num dia, seco, sem broto
Fui eu
Qual flor na areia, no asfalto
Que sei eu?
Largada, seca de vida, pensava: se disto antes soubessem naõ teria existido.
Sou eu, por engano, num roubo vivi. Roubo por roubo, Deus, que roubei eu?
Limite:
Onde o limite da obsessão e fuga?
A fuga do pensamento : obsessão.
Círculos, círculos, onde a saída?
Eu e os outros, denominador comum, preliminares idênticas,
O fim o mesmo, a morte. Hoje ou amanhã, sempre o mesmo dia
Como um cão raivoso ou um periquito ao luar.
Perpetuação:
Dar a luz significa estar viva. Não se sentir só pois o filho sai da gente. Então é a gente outra vez.
O círculo de novo : desejo de perpetuação.
Medo:
Medo de sentir, medo de ser, medo de naõ ser.
Dimensões:
Tenho planos. Um espia o outro projetando sombras, mudando a realidade. O plano sombreado, reagindo muda de cor, adquirindo profundidades, desconhecidos perigos. Abismo. A deformação da refração: espelho. Deformação da estrutura.
Nascimento:
Hoje sou um galho cortado da árvore que ontem fui.