Sonhei que estava fazendo amor com um homem e quando este se retirou de dentro de mim ele saiu sem o pênis que ficou dentro de minha vagina. Não houve angústia e nem sentimento de castração. Houve surpresa e alguma frustração.
Tive a seguinte vivência: - Eu era como um pequeno pássaro que começava a se emplumar. Sentia o nascimento de cada pena sobre o meu corpo como um acontecimento de dentro. Quando o pássaro-eu ficou pronto eu o vi de repente a distância e aí eu percebi o seguinte: - Quando se é jovem, o espaço é fundamental para o nosso crescimento. À medida que amadurecemos vamos nos retraindo e viramos um pequeno ponto que se distancia da nossa percepção. Temos a nossa visão já um pouco de fora como um ponto pertencente a um todo. Seria a fusão no coletivo? Seria o deslocamento do Ego que me falou Mario Schemberg?
Sei que grandes transformações estão se passando no meu interior. Tão grandes que me deu uma nova possibilidade de procura no meu trabalho já com o mesmo élan e encanto que eu sentia antes de fazer a experiência do “caminhando”. Graças a Deus, estou sendo salva. Isto me veio exatamente no dia seguinte a uma noite em que a crise foi tão aguda que pensei em por fim a vida pois já me sentia totalmente morta e este sentimento já havia durado quase dois anos. (Antes da minha ida para Paris e depois de Paris até esta noite).
Estou fazendo caixas-cubos cujo espaço interior é quase um cenário onde os trepantes se desenrolam dando sentido a este mesmo espaço que antes é o vazio. Mas é um vazio pleno pois nele está implicado possibilidades de nascimento dos bichos. Não sei se estou indo para frente ou para trás. Não quero ter razão, como diria Sergio Camargo. Quero esquecer tudo que já aprendi só aproveitando a minha maturidade que me veio através de tudo que já fiz. O meu problema fundamental é o exercício da liberdade levando em conta o que já sou ou no que fui transformada pelo meu trabalho.